A primeira célula de uma futura vida

Publicada por Eu, tu e a Biologia On 16:55

Desde sempre que a formação de um novo ser vivo pelo organismo humano constituiu um enigma para a Ciência. O enigma desencadeou o desafio. Mesmo nos dias de hoje conseguindo a Biologia explicar a maioria dos fenómenos que antecedem o nascimento de um bebé, ainda existem determinadas informações que constituem meras pistas. Investigações realizadas com animais em que ocorre fecundação externa, como o ouriço-do-mar, contribuíram para a compressão deste fenómeno vital da vida. De facto, é este o responsável por garantir a passagem do código genético de geração em geração e consequentemente assegurar a durabilidade de espécies. Na realidade, tudo isto acontece num momento crucial da vida humana: a fecundação. Na qual se dará a fusão do pronúcleo materno e paterno e se formará uma única e pequena célula. Esta é a primeira célula de uma futura vida humana.

Durante a ejaculação, um homem saudável espela até cerca de 500 milhões de espermatozóides na vagina da mulher. Assim se inicia a espantosa viagem da vida. Cada um desses espermatozóides transporta uma preciosa mensagem: o código genético do pai. De facto, os testículos do homem encontram-se sempre em funcionamento produzindo em estimativa cerca de mil espermatozóides por segundo. A qualidade do esperma depende do estilo de vida que o homem vai adaptando quotidianamente. Este terá um esperma mais saudável se evitar fumar, ingerir álcool em excesso, tomar banhos quentes ou até mesmo usar frequentemente roupa interior apertada. A viagem desta pequena célula do corpo humano é muito lenta – 3mm por minuto. De facto, no decurso de uma relação sexual milhões de espermatozóides são transferidos para a vagina e entram em contacto com o muco cervical mas, apenas cerca de 1% destes conseguem atingir o útero. Na verdade, estes pequenos descobridores podem demorar até dez horas a atingir o exacto momento de concepção.

Existem diversos factores que condicionam a eficácia da chegada dos espermatozóides ao seu destino. Um desses factores encontra-se mesmo na base da constituição do muco cervical. Se a mulher estiver fora do período de ovulação existirá uma fraca possibilidade destes alcançarem o útero pois, as fibras constituintes do muco formam nesta fase uma rede de malha apertada impedindo a progressão destes. Todavia, se a mulher se encontrar no período de ovulação, o muco será mais fluído e a rede de fibras menos apertada, permitindo a passagem dos espermatozóides mais activos.

Após a penetração na cavidade uterina da mulher através da cervix, os espermatozóides envolvidos no muco uterino que lhe confere uma maior mobilidade penetram nas trompas de Falópio. É nesta estrutura do sistema reprodutor feminino onde os aguarda a maior célula do corpo humano – o oócito II. Na ciência actual, ainda é um mistério a forma como o espermatozóide consegue alcançar o oócito. Pesquisas recentes indicam que o espermatozóide possui olfacto e igualmente uma excelente capacidade de alcançar o oócito através odores. Contudo, as teorias científicas mais credíveis mostram que os espermatozóides são atraídos por uma substância libertada pelas células foliculares que rodeiam o oócito II. Os primeiros espermatozóides a atingir o óvulo são os mais fortes e os mais capazes. O primeiro a penetrar o oócito II será o escolhido. Não existirá reconhecimento a um possível segundo lugar.
Resumidamente, passaremos a identificar as principais fases do processo de fecundação que ocorre no interior do organismo da mulher.


Reacção Acrossómica – Esta reacção é desencadeada aquando da penetração dos espermatozóides às células foliculares do oócito II. É nesta fase, subdividida em três etapas fundamentais, que o acrossoma degrada parte do oócito II permitindo a fecundação.

Reconhecimento do espermatozóide – ocorre quando a cabeça do espermatozóide entre em contacto com o oócito e, ocorre o reconhecimento através de glicoproteínas prosseguindo até à zona pelúcida situada externamente;

Penetração na zona Pelúcida – ocorre uma série de fusões entre a me
mbrana externa do acrossoma, resultando na formação de canais. Estes expandem-se, permitindo que macromoléculas (enzimas proteolíticas) sejam expulsas e se dispersem rodeando o oócito permitindo, assim, que o espermatozóide degrade a zona pelúcida e se liga á membrana do oócito II.


Formação da membrana de fecundação – Após atravessar a zona pelúcida, o espermatozóide induz a formação de uma membrana de fecundação. As moléculas de reconhecimento desaparecem, tornando impossível a penetração de outro espermatozóide.

Com a fecundação, o oócito II é estimulado a completar a segunda divisão da meiose, formando-se um óvulo haplóide e um segundo glóbulo polar que acabará por se degenerar. Em aproximadamente 12 horas, a membrana nuclear do oócito II degenera sucedendo-se a migração e fusão do pronúcleo do espermatozóide e do oócito II na zona central deste – a cariogamia. É nesta concepção que se dá a formação do óvulo ou ovo. Esta nova célula será única, pois combinará uma associação de genes única que irá caracterizar um único e novo ser por toda a sua vida do ponto de vida genético.

Reacção Cortical – Nesta reacção constata-se a exocitose de grânulos corticais para a periferia do óvulo, entre a zona pelúcida e a membrana plasmática, formando uma nova camada que dificultará a penetração de outros espermatozóides.

Mafalda Vasconcelos

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